A Vilã Maldita Retornou (Novel) - Capítulo 1
“Ela era uma mulher incrivelmente cruel. A vilã que destruiu a família, e até matou o noivo, está finalmente morrendo!”
Ao ouvir a notícia da execução de Roxelyn Bellion, todos disseram as mesmas coisas, caindo na gargalhada em excitação.
A família Bellion, uma casa nobre de uma época passada. Uma bela sedutora que devorou seu noivo e viveu depois disso. Uma vilã cruel e má que traiu até as leis do céu. Uma bruxa malévola que devastou o mundo. Havia muitas palavras para descrevê-la, mas por incrível que pareça, não havia palavras favoráveis. E a própria Roxelyn tinha pouco interesse nessas inúmeras descrições.
Zap!
Roxelyn abriu lentamente o olho restante enquanto a dor latejava em sua pele. Ela havia sido condenada à morte pelo assassinato do Terceiro Príncipe, assassinato em série, fraude à inúmeras pessoas e conduta desordeira. Sua aparência era lamentável. Um olho já havia desaparecido há muito tempo, seus dedos eram irregulares e ela só tinha uma orelha sobrando.
Ao contrário das descrições grandiosas, ela estava apenas respirando lentamente, morrendo em uma masmorra velha, úmida e bolorenta.
Claro, isso não significava que Roxelyn estivesse com medo. Mesmo enquanto seu cabelo era agarrado com força, ela olhou para cima e viu quem a segurava.
“Haha, olhe para você.”
Um homem com um rosto cheio de sardas, enxugando o suor com um lenço.
“Veja só, princesa, você deveria ter abaixado a cabeça e simplesmente agradecido quando eu me ofereci para casar com uma mulher como você.”
Roxelyn franziu a testa.
Ela não sabia quem era essa pessoa. Com a visão turva, ela teve que erguer o olhar um pouco mais alto antes de conseguir falar com a voz seca e rouca.
“Quem é você?”
O rosto do homem ficou vermelho imediatamente, como se tivesse sido humilhado por Roxelyn, que não o reconheceu.
“Sua idiota! É ridículo chamar alguém como você de vilã ou bruxa! Uma mulher estúpida como você é uma coisa qualquer!”
Ele moveu seu corpo lento, rastejando sobre as barras de ferro e a chutou, mas logo parou, como se estivesse exausto.
“Se você continuar assim, essa sua cabeça tola vai rolar!”
Roxelyn sorriu.
Mesmo na masmorra imunda, seu sorriso radiante e inabalável fez o homem parar por um momento. A bela mulher de rosto pálido não desvaneceu mesmo reduzida a trapos, o que naturalmente despertou um desejo insidioso de possuí-la.
“Ah, minhas desculpas. É o Barão Gilbert? Como você pode ver, perdi um olho, então, por favor, entenda que sou incapaz de reconhecer até mesmo as pessoas insignificantes.”
Tosse.
Roxelyn falou com naturalidade e arrogância, embora seu rosto estivesse pálido e ela tossisse sangue.
“Eca…! Eu sou o Robert, não Gilbert!”
Robert agarrou o cabelo dela e a sacudiu com força. Lindos cabelos brancos, manchados de sangue e sujeira, balançavam.
Roxelyn olhou para o homem desafiadoramente. Ele era um homem vinte anos mais velho que flertava com ela desde o momento em que ela havia debutado.
“Ah meu Deus, é mesmo?”
Ela disse com um tom de pena, mas seu olhar era cheio de escárnio.
“Mas você não é meu tipo.”
Roxelyn disse com um sorriso desdenhoso.
“Não sabia que você gostava tanto de mim. Eu deveria ter lhe dito o método para me conquistar.”
“Método?”
Mesmo nesta situação, Roxelyn falava com coragem com o homem estúpido e tolo. Ela queria saber por que o príncipe herdeiro enviou um homem tão insignificante para a masmorra.
“Barão Robert, se você vai flertar comigo, que tal lidar primeiro com esse seu corpo fedorento e enorme? É uma questão de consciência ao flertar com uma mulher vinte anos mais nova. E não fale muito perto. Sua boca fede também. Tenho estômago fraco.”
“…Você!”
“O antigo Barão Robert provavelmente não pode nem fechar os olhos tranquilamente. Ele manteve o título por mais de setenta anos, apenas para passá-lo para você depois de morrer. E mesmo após sua morte, ele deve estar impressionado com sua incompetência.”
Seu rosto avermelhado inchou como um baiacu prestes a explodir.
Um som metálico agudo emanou de algum lugar.
“Cale a boca, sua desgraçada…!”
Roxelyn olhou para a espada de Robert com uma expressão entediada. Ela não tinha intenção de subir à forca como o novo imperador desejava. Ela não queria ser um espetáculo para o povo reforçar sua lealdade ao testemunhar sua morte. O imperador verá apenas seu cadáver. E em troca de matá-la, a grande traidora, esse pedaço de inferioridade diante dela tomaria seu lugar à forca. Ele era a coisa perfeita para Roxelyn explorar.
‘Só preciso provocar um pouco mais…’
Roxelyn abriu a boca.
“Não gosto de porcos sujos, fedorentos e medíocres como você. Coisas assim me ofendem.”
“Sua cadela!”
A ponta da espada estava prestes a perfurar o coração de Roxelyn.
‘Finalmente.‘
No momento em que ela se conformou com tudo e fechou os olhos…
“Pare.”
Uma voz suave, firme e tranquila cortou a atmosfera grosseira.
“É o suficiente, Barão Robert.”
“…O que, Marquês Geron?”
Assim que Roxelyn percebeu seu oponente, ela agarrou a lâmina que havia entrado pelas barras da cela e puxou-a em sua direção com a mão.
“Minha nossa. O quê-?’
O Barão Robert, que quase perdeu a espada para Roxelyn, reagiu tardiamente e puxou a espada de volta. Com um som estridente, sangue escorreu da mão que havia segurado a lâmina.
Passos.
A pessoa que emergiu vagarosamente das sombras, com passos ecoantes, era um homem que parecia ter quase 40 anos.
“Ela está apenas tentando usar você para ser morta. Se você a matar, será levado à forca.”
Sua voz era suave e gentil à primeira vista. O rosto de Roxelyn se contraiu. Com algumas palavras, ele persuadiu Robert, que estava furioso de vergonha, a sair da masmorra e ficou na frente de Roxelyn, sorrindo.
“Boa tarde, Roxelyn. Tsc, seu lindo rosto está lamentável. O idiota nem mediu a força e brincou com você descuidadamente.”
Roxelyn estreitou as sobrancelhas e ficou em silêncio ao ouvir a voz com um leve som de tristeza. Sua mão estendida limpou a mancha de sangue na bochecha dela e depois se afastou.
Ele era Geron Wilbrid.
Ele seria a definição de “o inimigo do meu inimigo”. Havia sido ele que capturou Roxelyn e a colocou na prisão sem deixar pontas soltas em sua vida como fugitiva. O olhar que zombava de Robert havia se transformado em um olhar penetrante e sombrio.
“Você está aqui para ter pena de mim? Ou veio zombar de mim? Você ainda se mete em meu caminho até o fim.”
“Só estou tentando lhe dar uma chance.”
“Não quero ouvir palavras suas quando foi você que me confinou aqui.”
O homem endireitou as costas e sorriu humildemente enquanto olhava para sua divertida oponente.
“O mundo é tão entediante. Cansativo e chato… Os momentos agradáveis que acontecem de vez em quando acabam rápido demais” O homem de meia idade, que estava olhando para baixo, olhou para Roxelyn enquanto falava.
Roxelyn franziu a testa.
Esse homem, em particular, era alguém que Roxelyn não conseguia entender há muito tempo. Um dia, ele alegava ser seu protetor, em outro dia apontava uma espada para ela, e ainda outro ele a escondeu, e recentemente, depois de persegui-la persistentemente por mais de meio ano enquanto ela fugia, ele finalmente a jogou na prisão.
“Você acredita em mundos paralelos, Roxelyn?” Ele perguntou sorrindo.
Olhos levemente voltados para baixo, cabelos bem penteados para trás, com alguns fios fora do lugar, mostrando uma aparência um pouco desleixada. Em vez de um uniforme formal, ele usava um terno com um casaco por cima. Um homem verdadeiramente nobre que parecia gentil por fora, mas na verdade era muito violento, e era difícil dizer o que estava pensando. Seus olhos roxos raramente revelavam emoções e um sorriso perpétuo enfeitava seus lábios.
“Que bobagem você está dizendo agora, Geron?”
É por isso que Roxelyn o odiava.
“Você é muito dura comigo. Isso me deixa triste.”
“…”
Quando Roxelyn olhava para ele, o homem, ainda vestido impecavelmente, encolheu os ombros.
“Está nos livros de Gilbern Dande também. O mundo está cheio de pontos de ramificação dependendo das escolhas e, como resultado, o mesmo mundo pode se dividir em múltiplas ramificações.”
“E aquele homem foi tratado como herege e queimado na fogueira, e o livro foi classificado como literatura proibida.”
“Mas nós lemos, você e eu.” Ele respondeu com uma voz calma as palavras hostis de Roxelyn, ajoelhou-se no chão coberto de sujeira e sangue e fez contato visual com ela. “Você às vezes não se arrepende? Que gostaria de ter feito outra escolha em um momento. Que gostaria de ter uma relação diferente com uma pessoa. Coisas assim.”
“…”
“Eu também acho um desperdício matar você com um rótulo tão simples como ‘vilã’. Você não quer viver, Roxelyn?”
Roxelyn estreitou os olhos por um momento, depois soltou um suspiro e encostou a cabeça nas barras de ferro. Seus olhos estavam embaçados e o sangue que escorria das mãos não parava.
Geron olhou para a pálida Roxelyn na escuridão, seu olhar mudando entre ela e a poça de sangue no chão.
“…Você.”
“Eu não te contei, Geron? Sempre fui muito frágil. Nunca fui saudável, desde o momento em que nasci. E sempre ouvi que poderia morrer a qualquer momento.”
Mas ela viveu bastante tempo, não é? Enquanto Roxelyn falava com uma voz fraca, os olhos de Geron se arregalaram.
“Na verdade, tomei um remédio antes de você me capturar. Em média, ele passa a fazer efeito entre uma semana há 10 dias. Uma droga que impede a coagulação do sangue.”
Foi uma aposta baseada em se ferir.
Roxelyn acrescentou em um tom suave.
“Se o sangramento não parar, a pessoa morre. É um truque simples.”
Quando ela viu o rosto rígido de Geron, ela sorriu feliz.
“Você não sabia disso. É a minha vitória no final.”
“Você foi a primeira pessoa a me apunhalar pelas costas até o fim.”
Isso foi uma honra.
Ela tinha um sorriso suave nos lábios, como se tivesse removido os espinhos afiados que a rodeavam diante da morte.
“Geron, eu estava sozinha.”
Geron ficou em silêncio.
“A fuga não foi tão fácil. Então…”
Roxelyn sabia que sua visão estava desaparecendo. Ela sentiu o fim. Ela não se preocupou em impedir que sua boca se movesse livremente.
Houve um som estridente vindo do chão.
“…A resposta a sua pergunta é não.”
Assim que ela terminou de falar, o corpo de Roxelyn, que estava encostado nas barras de ferro, inclinou-se lentamente e caiu no chão. Após uma pausa prolongada e o mais suave dos murmúrios, uma chama verde queimando em algum lugar cobriu a masmorra.
***
“…Tentar viver… faz sentido? Não posso viver porque estou muito envergonhada. Por você continuar agindo assim, todos ficam desconfortáveis e te odeiam.”
E quando ela abriu os olhos novamente, Roxelyn se viu sentada na cama, encarando alguém de quem sentia muita falta. Há muito tempo, a primeira pessoa que Roxelyn matou foi sua própria madrasta.
‘…Geron, seu filho da puta.’