A Vilã Maldita Retornou (Novel) - Capítulo 2
NOTA DE TRADUÇÃO: A tradução se alterna entre narrativa em 3ª pessoa e 1ª pessoa.
‘Já faz um tempo’
Foi uma sensação completamente nova ver um fantasma de alguém que havia morrido há muito tempo, tendo sua cabeça erguida na minha frente.
‘Isto é o passado?’
Roxelyn analisou lentamente os arredores, relembrando da mulher à sua frente que havia tido uma morte horrível, implorando para ser salva.
“Quando você age assim, até seu pai tem vergonha de você, e seu pai….”
Enquanto virava a cabeça para olhar a janela, Roxelyn deixou aquele murmúrio incessante fluir para seu ouvido. Uma risada maliciosa escapou de seus lábios.
“… Você está rindo?”
Ouvindo a voz atônita, Roxelyn finalmente percebeu que sua madrasta ainda estava tagarelando ao lado dela.
“Mesmo você manchando a honra da família… Eu sempre estive ao seu lado! Como você pode me ignorar? Você… Você me odeia tanto assim?”
Roxelyn parou por um momento. Voltando a si.
‘Eu tentei suicídio?’
Isso é estranho.
‘No passado, mesmo quando alguém me importunava, eu suportei, e se alguém me atacasse eu revidava com uma espada, nunca teria pensado em morrer.’
Sua madrasta a atormentou por mais de uma década. E um dia, em um banquete, quando Roxelyn percebeu que não fazer nada não era a solução, ela virou a mesa e começou a brandir a espada decorativa, pendurada na sala de jantar, como uma louca. Só então sua madrasta parou de assediá-la abertamente.
‘Em vez disso, ela começou com tentativas de assassinato e envenenamento.’
Então, certamente Roxelyn não teve um passado suicida. Nunca desistiu de sua vida e nem mesmo suportou em silêncio comentários depreciativos sobre si.
‘… Então ‘isto’ não é o passado. Não parece que voltei no tempo. Pensando nisso, o que me vem à mente é as palavras do Marquês Geron, no final… Mundos paralelos...’
Aquilo era realmente verdade?
“Não me ignore! Eu só desejo o melhor para você…”
Eu fiz uma careta. A voz interrompendo meus pensamentos era muito irritante.
“Cale a boca”
“O quê?”
A mulher arregalou seus olhos.
“Ah, me desculpe. É que você fica zumbindo como um mosquito perto de mim. Você pode continuar falando lá fora? Como você pode ver, acabei de acordar e me sinto indisposta.”
“Meu deus, olhe o jeito como você fala. Como… Como você pode… Eu sou sua mãe. Como você pode ser tão desrespeitosa?”
“Não, não exatamente. Você está mais para uma possível madrasta. Afinal, você ainda não se casou.”
Julgando suas roupas simples, com o mínimo de joias, era claro que ela ainda estava no período de ajustamento.
Roxelyn continuou falando enquando olhava para sua futura madrasta que estava boquiaberta.
“Lady Carmel, entrando nesta casa ou não… por favor não incomode minha paz de espírito. Se você o fizer…”
Roxelyn sorriu. Lady Carmen ficou em silêncio sem perceber, pois a pessoa a sua frente parecia ser uma outra distinta.
“…não a importunarei. Mesmo se você vender os segredos comerciais do Duque, lentamente envenenar meu pai, ou se introduzir na mansão.”
“Roxelyn…!”
A boca de Lady Carmel caiu aberta com as palavras de Roxelyn. Seu lindo rosto dizia palavras assustadoras sem mudar de expressão e irradiava uma sensação de pavor.
“Só vamos ficar fora do caminho uma da outra. Contanto que você não me incomode, o que quer que você faça… não vou interferir.”
Roxelyn cordialmente ofereceu conselhos.
Lady Carmel olhou para sua futura enteada, falando firmemente com ela, mantendo o olhar fixo olho no olho.
‘Quem diabos é essa?’
Ela ficou desconfortável com o fato de se sentir assustada com a jovem, e sem notar, engoliu a saliva. Era como se ela estivesse colocando sua cabeça nas mandíbulas de uma besta. A lady mais insignificante do ducado de Bellion – frágil e tímida, que ao ser intimidada não conseguia pronunciar uma única palavra corretamente. Uma dama sem honra, tão insignificante que até as empregadas a ignoravam, essa era quem ela costumava ser. Ela havia deixado a franja crescer para esconder seus olhos vermelhos nojentos, além de uma tentativa de encobrir também seu rosto feio. Mas agora, sua franja estava para o lado e ela tinha um olhar firme. Porém, o mais surpreendente foi…
‘Como ela sabia?’
Uma voz que sussurrava como se soubesse de todos os seus planos.
“Haah… Bestas não conseguem entender um pedido educado, tão irritante”
Ao ouvir a voz de Roxelyn, murmurando baixinho como se estivesse falando consigo mesma, uma das criadas, que normalmente seguia Lady Carmel obedientemente, falou.
“Senhorita, seu tom não está um pouco rude? A Madame…. AAHH”
Lady Carmel arregalou seus olhos.
Algo pareceu passar diante de seus olhos, e logo em seguida, a fiel empregada, que tinha dado um passo adiante, soltou um grito.
“Não é ‘Madame’, é Lady Carmel. E eu sou a ‘Princesa Ducal’ para você”
“Ahh, isso dói, isso dói”, lamentava a empregada.
“Roxelyn! O que você acha que está fazendo?” Lady Carmel soltou um grito.
“Lady Carmel, se você quer se tornar anfitriã desta casa, primeiro você deve educar melhor uma empregada.”
Roxelyn virou sua cabeça com um sorriso brilhante nos lábios, mas seus olhos eram frios. O cabelo despenteado a fazia parecer ainda mais assustadora, e suas íris vermelhas visíveis deixou Lady Carmel sem palavras.
Lady Carmel apertou os lábios, congelada, em choque, observando Roxelyn que ria enquanto segurava o cabelo da empregada.
“Eu preciso dizer mais uma vez para você sair do meu quarto?”
“Você…. Você é realmente…”
“Saia.”
“Não pense que os acontecimentos de hoje serão perdoados facilmente. Estou muito decepcionada…”, Lady Carmel, que estava encarando o rosto pálido de Roxelyn, virou-se com lágrimas escorrendo pelo rosto.
“Não adiantou tentar aconselhá-la.”, Roxelyn estalou a língua, imaginando que algo problemático fosse acontecer em breve.
Ela foi sincera quando disse que não se importaria com o que a outra fizesse na residência Bellion, desde que não a incomodasse. Mas, caso contrário… Se alguém a incomodasse, ela estaria disposta a jogar qualquer um no abismo. E exatamente três dias depois, ela recebeu um convite do Duque para um jantar formal.
***
Nos últimos três dias, Roxelyn coletou informações e organizou seus pensamentos perante sua situação:
- Este lugar é um “mundo paralelo” mais ou menos 10 anos antes do dia que morri, e agora tenho 17 anos.
- Mesmo sendo um “mundo paralelo”, as pessoas que ela conhece ainda existem nesta realidade, e os eventos importantes são parecidos.
- Minha situação aqui é horrível. Os servos zombam ou me ignoram, descaradamente. Não tenho nem mesmo uma empregada pessoal.
- Mesmo sendo as mesmas pessoas de que me lembro, eles não são exatamente iguais.
Pensando na serva que havia sido gentil com ela, mas agora era cruel e fiel à Lady Carmel, Roxelyn terminou de ajeitar seu cabelo.
Com as informações que ela juntou sobre este mundo, Roxelyn tomou uma decisão: viver confortavelmente, modestamente, quieta e normal.
‘Estou cansada de ser perseguida e repreendida.’
Roxelyn olhou para os velhos e simples vestidos de seu guarda-roupa, e sua expressão azedou.
“Minha madrasta não mudou nada. É uma estúpida multidimensional.”
Bem, mesmo depois de ter derrubado o Ducado de Bellion em sua vida anterior, ela não escapou do papel de “bispo”, Roxelyn não ficou impressionada. Neste lugar, ela também recebia instruções periódicas e fazia o que lhe era ordenado.
‘Por isso foi fácil para eu matá-la.’
Roxelyn pensava enquanto dividia sua franja, a qual parecia estar perfurando seus olhos, ao meio e empurrava-a para trás das orelhas. Com a visão clara, ela se olhou no espelho e vestiu-se com um vestido preto que havia pego do guarda-roupa.
“Há muito a ser consertado.”
Ela vestiu um colar de pérolas que qualquer um poderia dizer que era falso. Depois passou um batom vermelho que parecia vulgar, para disfarçar a pele pálida, e se olhou no espelho. Os olhos vermelhos brilhantes e o batom se destacavam sobre sua pele.
Um sorriso se abriu em seus lábios.
‘Já faz algum tempo.’