A Vilã Maldita Retornou (Novel) - Capítulo 3
A vida de fugitiva era um luxo que ela não podia pagar.
Com um nariz proeminente e características distintas, cabelos brancos esvoaçantes como seda, olhos mais vermelhos que rubis, e uma pele tão pálida que parecia que ela não tinha sangue.
“Você nem parece muito saudável.”
Ainda mais do que a versão de quando tinha dezessete anos, da qual ela conseguia se lembrar.
Após uma breve observação em frente ao espelho, Roxelyn foi direto para a sala de jantar onde a refeição estava sendo servida.
***
Quando Roxelyn apareceu, os servos, aparentemente tendo esquecido de abaixar a cabeça, arregalaram os olhos.
“Abra a porta.”
“Ah, hum. La… Lady Roxelyn…?”
Roxelyn franziu a testa em resposta à confusão do servo, então assentiu uma vez em compreensão. O servo perplexo abaixou a cabeça rapidamente, e a porta da sala de jantar se abriu.
Rangido.
Quando Roxelyn entrou na sala de jantar, os olhares dos que estavam sentados à mesa se fizaram nela. Suas expressões variavam, mas todos tinham os olhos cheios de surpresa.
Usando um vestido preto e um batom vermelho forte, os olhos vermelhos de Roxelyn acrescentavam um toque sutil de decadência e sensualidade.
“…”
Em meio aos espectadores cativados, Roxelyn também os observava atentamente.
O Ducado de Bellion, como ela se lembrava, já havia decaído significativamente há cinco anos e estava a caminho da ruína. Então, todas as pessoas diante dela estavam mortas para ela.
‘A mesma coisa vai acontecer daqui há cinco anos neste lugar?’
Sentindo uma leve sensação de que seu peito estava sendo apertado, Roxelyn fechou os olhos por um momento e depois os abriu novamente.
‘…Eu já tomei a decisão de sair desta casa.’
Ela pensou, imaginando se mais alguns dias vendo-os não seriam uma má ideia. Com isso em mente, ela sentou-se à mesa mortalmente silenciosa. Roxelyn pegou os talheres, preparando-se para comer em silêncio, mas percebeu tardiamente que o jantar contava com a presença de seu avô, o Duque Bellion.
“…Você… E quanto a essa aparência? Como você pode vir jantar desse jeito?”, disse Lady Carmel.
“O que há de errado com minha aparência?”
Havia duas razões principais pelas quais Roxelyn escolheu comparecer a este jantar, embora ela pudesse simplesmente ignorá-lo. Primeiro, era para manter as palavras que ela havia dito à futura madrasta que havia decidido desconsiderar seus avisos. O segundo motivo era fazer uma declaração de saída desta casa.
“Quem usa trajes tão vulgares e reveladores, expondo seus braços assim? Eu já lhe disse, sempre mantenha seu decoro como filha desta casa ducal—”
“Pfft.”
Roxelyn soltou uma risadinha sem querer. Então a expressão de Lady Carmel endureceu ligeiramente.
“Isso é estranho”, Roxelyn inclinou a cabeça, parecendo perplexa.
“…O que você quer dizer?” Lady Carmel perguntou de volta.
“Eu vivi como uma princesa ducal por 17 anos, então por que você, minha futura madrasta, que nasceu de uma mulher de status questionável, felizmente se casou com uma família de um conde e ainda mais felizmente conseguiu matar o conde, assumindo depois a posição de chefe da família em vez de herdeira legal do conde, está falando sobre como eu me porto?”
A voz de Roxelyn emitia diversão e a atmosfera na mesa de jantar ficou fria. O tópico não era adequado para a mesa de jantar, e foi um tanto chocante.
“O quê…? Como você pode…! Não importa o quanto você não goste de mim…!”, Lady Carmel soluçava em uma tentativa de choro “…Pai, Zerti… Quanto mais eu tenho que tentar…”
Roxelyn assistiu ao espetáculo de Carmel arrancando suas lágrimas de crocodilo enquanto apelava ao Duque Bellion e Zerti Bellion, o pai de Roxelyn.
Roxelyn calmamente continuou cortando seu bife.
Os olhos do senhor idoso e bem-vestido à cabeceira da mesa pareceram se estreitar.
‘Ele sempre parece um vilão.’
Roxelyn pensou com indiferença enquanto inclinava elegantemente sua taça de vinho.
O velho estava vestido com um elegante conjunto vermelho, e o aspecto mais notável era que seus olhos tinham cores diferentes. Ele era uma pessoa sofisticada para sua idade, com tatuagens visíveis nas costas das mãos, e ele era alguém que ficaria de pé e lutaria até a beira da morte.
“Acho que você já passou da idade de apelar para as emoções, mas ainda parece estar cheia de sensibilidade”, comentou Roxelyn com um sorriso, encontrando os olhos do velho, ou melhor, do Duque. Enquanto saboreava um suculento bife, ela parou de repente. Os olhos do duque Bellion, que estavam ligeiramente semicerrados, começaram a se arregalar. Roxelyn ergueu as sobrancelhas, mastigou lentamente a carne e engoliu, fazendo uma expressão de êxtase.
“Que delícia.”
Com uma expressão de alegria, ela cortou outro pedaço com um grande sorriso nos lábios e continuou em um tom relaxado.
“Acho que a minha porção está especialmente deliciosa, então gostaria de compartilhar. Alguém tem interesse em experimentar?”
Os rostos das criadas que estavam atrás rindo baixinho do comportamento inesperado de Roselyn, congelaram.
“O que você acha? Tio? Pai?”
Os olhares dos dois homens se voltaram para Roxelyn. Um homem com cabelos desgrenhados de um tom vermelho vivo, botões desabotoados em sua camisa elegante e um comportamento alegre. E o outro homem — exatamente o oposto do primeiro — com uma aparência sombria e cabelos pretos, camisa social abotoada até o pescoço. Eles olharam para ela ao mesmo tempo. Ambos tinham expressões assustadas. O homem ruivo, Aegis Bellion, roçou levemente os lábios com o polegar e sorriu.
“Tudo bem, já que é o primeiro pedido da minha querida sobrinha”, ele disse enquanto se levantava.
“Roxelyn! Quão rude você pode ser? Servindo ao seu tio comida que você já tocou… Como…”
“Ah, chega.”
Aegis respondeu a Lady Carmel em um tom desdenhoso, nem mesmo olhando para ela enquanto acenava com a mão sem entusiasmo. Ele se aproximou de Roxelyn.
“Ahhhh…”
“…”
Roxelyn, que estava prestes a pegar o bife bem cortado com um garfo e oferecê-lo a ele, hesitou ao ver Aegis se aproximando, cuja parte superior do corpo tonificada estava revelada.
“Vamos.”
“Cunhado! Se você continuar permitindo que ela aja de uma maneira tão infantil—!”
“O quê? Ei, desde quando você pode interferir nos assuntos da minha família? E você nem se casou ainda, e está me chamando de ‘cunhado’…”
Ele bufou, expressando seu descontentamento. Virando-se para Roxelyn com uma expressão descontente, ele então arregalou os olhos enquanto a observava.
‘Sua atmosfera muda rapidamente dependendo da expressão em seu rosto.’
Com Aegis ali com a boca aberta para ela, Roxelyn não conseguiu realmente ignorá-lo, então ela eventualmente colocou um pedaço de bife fatiado na boca dele. Aegis tinha uma expressão estranha o tempo todo, mas continuou a insistir para que Roxelyn o alimentasse de qualquer maneira. O homem, conhecido como o primogênito da casa ducal, era uma figura um tanto rude e áspero para ser chamado de primogênito de um duque.
‘Ele também era assim naquela época.’
Um homem que desistiu de sua busca pela liberdade para salvar o ducado que estava em ruínas, abaixando a cabeça em todos os lugares para se curvar diante de outras pessoas. No entanto, o ducado havia encontrado sua queda. Esses foram os pensamentos que passaram pela mente de Roxelyn enquanto ela observava a expressão de Aegis mudar no momento em que o bife entrou em sua boca.
Glup.
Por fim, o homem conseguiu engoliu a comida com muita dificuldade e deu um sorriso perigoso.
“Hoohh, que delícia.”
Ele rapidamente pegou o prato de Roxelyn e continuou.
“É tão delicioso que meu pai e meu irmão mais novo deveriam experimentar também.”
Roxelyn rapidamente limpou o amargor salgado que restava em sua boca, despejando vinho garganta abaixo. Um prato muito salgado chega até ser nojento. Ela até sentia um formigamento, como se algo tivesse brotado em sua boca.
“Vamos, abra a boca, Zen. Você deveria comer também.”
Aegis empurrou com força um pedaço de carne na boca de Zerti. Então se virou para o duque, que o avisou.
“Não seja problemático, Aegis.”
“Mas é o desejo do seu filho.”
“E quantos desejos você tem—”
O duque, que tinha aberto os olhos severamente, não conseguiu continuar sua frase. Era porque Aegis já tinha empurrado o garfo com a carne para dentro de sua boca.
“…”
O duque olhou para Aegis com o rosto ferozmente franzido como o de um demônio e então mastigou lentamente a carne, no entanto, do jeito que a comida estava, ele não conseguiu mastigar mais três ou quatro vezes e cuspiu a carne em um guardanapo. Bebeu seu vinho sem dizer uma palavra, fechando os olhos lentamente.
Enquanto isso, Aegis desfez sua expressão calma, pegou um jarro com água e bebeu indiferentemente.
“…Quem é o miserável que deseja a morte?”
A voz pesada do Duque, como alguém coçando a garganta para reprimir a raiva crescente, quebrou o silêncio enquanto ele lentamente abria os olhos. Seus olhos, um vermelho e um dourado, fixaram-se precisamente em Roxelyn.
“Eu me pergunto o mesmo, avô.”
Roxelyn murmurou calmamente e seu olhar se voltou para as três criadas que estavam com os rostos pálidos atrás de Carmel.
O duque olhou para as criadas, bateu o copo na mesa e abriu a boca com uma expressão feroz.
“Estão demitidas.”