Chore, Melhor Ainda Se implorar - Novel - Capítulo 134
✧ Confissão não contada ✧
✧ Capítulo 134 ✧
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A mulher do major havia mudado. Era uma observação que o soldado de plantão, encarregado de entregar sua comida todos os dias, podia ver tão claro quanto o dia.
Quando ele parava para vê-la, ela geralmente, e imediatamente, implorava para que ele a ajudasse a escapar. Frequentemente também ela perguntava por Kyle Etman, exigindo saber sua condição atual…
Mas agora, ela apenas ficaria sentada em silêncio, nem mesmo reagindo quando ele parasse, e continuaria a olhar pela janela com uma expressão vazia.
Não havia mais resistência ou fome, ou mesmo tentado arrombar a porta. A mulher só comia o que era dado e sentava-se calmamente à espera. Ela se tornou obediente e isso facilitou o trabalho dele no processo.
Ele deveria estar feliz, mas de alguma forma era difícil para ele fazer isso.
“Não sei se posso continuar fazendo isso.” ele se preocupou com culpa enquanto trancava a porta e se virava para ir embora. As coisas ficaram tensas ultimamente, isso o deixou muito nervoso. Ele só poderia ficar pálido quanto mais tempo ficasse no corredor depois de cumprir seu dever, antes de retornar ao quartel.
— Eu acho a mulher meio esquisita… — ele murmurou distraidamente, antes de parar para pensar. — Eu não deveria dizer algo a ele?
— A quem?
Uma voz repentina surgiu atrás dele, fazendo-o pular e se virar rapidamente, antes de suspirar de alívio. Era apenas mais um soldado.
— Para o major. — ele arejou nervosamente.
Embora, pensando bem, isso não seria inútil? Ele pensou antes de suspirar. Certamente o Major sabia o quanto sua mulher mudou. Afinal, ele havia estado mais com ela, ele seria o mais sintonizado com a condição da mulher que mantinha trancada a sete chaves.
Ainda assim, o comportamento atual do major Herhardt parecia o de uma pessoa que apenas aproveitava cada momento. Ele não parecia se incomodar com nada acontecendo atrás da porta trancada.
Além disso, estava ficando mais difícil falar tão insensivelmente sobre a situação. Ultimamente, o Major estava cada vez mais eficiente e revigorado em seu trabalho. Ninguém queria atrapalhar sua produtividade atual.
Então, a menos que ele mencionasse o assunto primeiro, estava se tornando uma regra não escrita para todos no exército não mencionar nem mesmo uma piada sobre a mulher do major.
— Quero dizer, ela está grávida do filho do major, ou é o que dizem, — o soldado começou a raciocinar, — então não é justo dizer que também é filho ilegítimo do duque Herhardt?
Um olhar pensativo brilhou em seus olhos.
Ela era realmente a amante do duque que fugiu?
O soldado, que examinou cuidadosamente o corredor vazio, encolheu os ombros antes de baixar a voz.
— Isso é o que as pessoas dizem.
— Ah, isso mesmo, — disse o outro soldado, — ouvi dizer que a mulher na sala era originalmente a noiva do médico Etman, filho do médico de família dele! — exclamou o outro antes de soltar um assobio baixo: — Mas acho que o duque foi e a seduziu de qualquer maneira.
— Ei!
Vendo a longa sombra se aproximando do final do corredor, o soldado de plantão atingiu com urgência o lado do soldado parado à sua frente. Foi só mais tarde que ele percebeu que o homem de quem eles estavam falando finalmente apareceu!
Eles não puderam deixar de ficar nervosos, imaginando se ele tinha ouvido suas fofocas.
Matthias vagarosamente se aproximou da direção onde dois soldados congelados estavam em atenção para ele. Era difícil conciliar tais rumores sujos com um homem que era o epítome da grande eloqüência, elegância e graça.
Eles deram a ele uma saudação habitual assim que ele se aproximou deles, e ele respondeu em troca, dispensando-os sem palavras antes de finalmente desaparecer na sala trancada que eles nunca deveriam abrir sem sua permissão.
Suspiros aliviados os deixaram assim que ele se foi. Eles se entreolharam com cautela antes de ficarem de pé no corredor do hotel, onde em meio ao sol, eles foram mais uma vez engolfados em silêncio.
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Matthias trouxe um livro de volta com ele.
Ela sabia o que era, mas não entendia qual era o propósito dele em trazê-lo, então ela se acomodou e olhou para a pilha de livros sobre a mesa.
— Leia quando estiver entediada — ordenou Matthias com indiferença, como se estivesse falando com ela como uma criança. Ele pegou um livro aleatório na pilha.
— Aqui está um romance de mistério. — Ele falou, colocando-o na frente dela, — Tenho certeza que é algo que você vai gostar.
Leyla continuou sentada em silêncio enquanto ele pegava outro.
— Há também um livro sobre pássaros.
E então ela observou, os olhos passando rapidamente pela seleção de livros e suas capas com apenas um pingo de entusiasmo. Ainda assim, ela não lhe dirigiu uma palavra.
Lanches, flores, livros.
Todas essas coisas o duque trouxe para ela. Tão impróprio para a realidade de sua situação, ela estava tendo problemas para lembrar por que estava sendo tão teimosa.
Mas ela não suportava apontar a esquisitice. Ficou claro para ela que Matthias não sabia o que essa situação estava fazendo com ela.
Coberta confortavelmente pelos cobertores e confortavelmente aconchegada na cama, Leyla se viu abrindo o livro no topo da pilha.
As letras e palavras dançaram no esquecimento na frente dela, mesmo enquanto ela olhava para elas. Mas uma boa desculpa para não enfrentar o Duque.
Sentado na cadeira em frente a ela, Matthias olhou para ela na cama com uma expressão satisfeita. Seu cabelo frouxamente trançado caía sobre os ombros esguios, agrupando-se em torno de seus quadris enquanto caía em cascata por seu estômago inchado.
Esta imagem dela, grávida de seu filho e lendo ao sol era pacífica e bonita.
Alguns momentos de silêncio reinaram entre eles mais uma vez, além dos sons ritmados de páginas folheadas. Leyla olhou para ele implorando.
— Deixe-me sair por um momento. — Ela implorou a ele: — Eu não vou fugir. Eu prometo.
Os olhos de Matthias se estreitaram para ela, e um tom de medo surgiu dentro dela. Ele não estava satisfeito com a tranquilidade sendo perturbada, mesmo por ela.
— Eu quero ir para casa. — Ela continuou: — Para o tio Bill-
— Leyla. — Ele a cortou bruscamente, sua voz baixa e grossa, enviando arrepios por todo o corpo dela. — Você não se lembra?
Ele se inclinou mais perto dela.
— Você não tem mais uma casa, — Ele disse a ela claramente, — Ou a família foi embora.
Levantando-se, ele se aproximou dela, gentilmente segurando seu queixo para manter seus olhos nele.
— Você não vê? Eu sou sua família. — Ele sussurrou para ela: — Leyla, eu sou tudo que você tem, e tudo que você sempre precisará.
— Não! — o protesto instintivo escapou dela, — Eu me recuso a acreditar-!
Seu aperto em seu queixo se ajustou, apertando ao redor de sua mandíbula.
— É um campo de batalha perigoso lá fora. — Ele sussurrou, virando a cabeça dela para olhar as ruínas do lado de fora do quarto: — Então fique comigo. Eu protegerei você.
A cabeça de Leyla estava virada para olhar para Matthias. Um único pensamento só passou por sua mente.
Todos os bombardeios que ela experimentou nunca poderiam ser comparados ao terror absoluto que este homem era para ela.
— Você tem que pensar no seu filho. — Em vez disso, ele implorou, esfregando seu queixo suavemente.
O rosto de Leyla se contorceu com suas palavras, os lábios trêmulos com um desespero mal disfarçado.
Sempre que falava sobre a criança em seu estômago, o rosto de Matthias assumia um olhar tão amoroso e gentil. Ela quase podia acreditar que ele seria um pai que realmente amava a criança.
Mas apenas o contrário era verdade com ele.
Ele é um homem que só vê a criança em sua barriga como um meio para satisfazer sua ganância, para prendê-la permanentemente a ele.
Que homem abominável.
— Por favor, não insulte meu bebê assim! — Ela fervia, envolvendo seus braços frágeis ao redor de seu estômago teimosamente longe dele, — Eu não quero que eles ouçam tais insultos!
Foi um esforço inútil, mas ela sentiu a necessidade de fazer algo, por mais inútil que fosse.
— Você acha que é um insulto? — Matthias falava pensativo, mas Leyla sabia que ele não entenderia sua situação.
— Parecia haver um mal-entendido, Leyla, — Matthias rebateu suavemente, seu olhar caindo para seu estômago inchado mal escondido dele. — Eu adoro a criança. Graças a isso, fui persuadido a não matar você, — Ele então sorriu maliciosamente para ela, — E aqui estamos agora, tão felizes quanto podemos ser novamente.
Ela não ouviu malícia na voz de Matthias. Do jeito que ele estava agora, ele parecia estar apenas expondo os fatos puros e secos para ela. E mais uma vez, Leyla perdeu outro grama de luta com suas palavras.
Ela só podia se esconder em silêncio novamente.
Matthias curvou-se e beijou-a na testa. Então ele voltou para seu assento e voltou a apreciar apenas a visão de Leyla à sua frente.
Como se ela fosse apenas uma obra de arte para ser cobiçada.
A noite chegou rapidamente, e mais uma vez ele a abraçou e a colocou de volta na cama.
Com o peito nu encostado em suas costas, Leyla notou que sua temperatura estava um pouco mais quente do que o normal.
— Estou com febre. — Ela apontou fracamente.
Matthias franziu a testa, antes de espalhar a palma da mão em sua testa, verificando se ela estava com febre. Leyla apenas se virou, de costas para ele mais uma vez.
— Sinto-me cansada, quero descansar. — Ela declarou.
Com um suspiro resignado, ela fechou os olhos com força.
Agora sentado na cama, olhando para trás, Matthias gentilmente estendeu a mão para colocar a gravata na mesa em torno de seu pulso mais uma vez. Uma vez satisfeito e seguro com o nó, ele se deitou atrás dela antes de envolvê-la em seus braços como uma armadilha.
Para Leyla, a quem ele amava, Matthias contou muitas histórias.
Ele disse a ela o quanto sabia do que ela gostava e como criaria um mundo para ela. Caso não existisse tal lugar entre as mansões da família Herhardt, ele construiria uma nova em seu nome.
Ele poderia até comprar uma ilha para ela, se fosse preciso.
— Vamos construir uma torre, e construí-la alta para que alcance o céu.
— Eu vou mantê-la comigo para sempre para fazer o nosso céu.
— Vou te dar meu mundo. Leyla, contanto que você fique ao meu lado, como você está agora.
— Eu te amo. — Ele sussurrou no ouvido de Leyla, que há muito dormia sonhando com suas doces torturas.
Ainda era uma confissão, que só pode ser transmitida dessa maneira por enquanto.
Mas um dia, talvez em breve, ele poderá dizer isso enquanto olha para os belos olhos verdes que há muito tempo desejava manter nele para sempre. E nesse dia ele espera ansiosamente por isso. Leyla não o deixará mais quando aprender a parar de temê-lo.
Talvez não demorasse muito. Afinal, Leyla amava essa criança que veio dele. Assim que a criança nascer e precisar do pai, Leyla não terá outra escolha senão aceitá-lo.
E ele está mais do que disposto a desempenhar o papel.
Para fazer uma família amorosa para a criança que ela tanto ama.
Matthias beijou o cabelo macio de Leyla, segurando com força e segurança uma de suas mãos com pura alegria.
Apesar da febre ardente contra sua pele, ele só tinha uma verdade para ela.
— Eu te amo.
De repente, houve o som de um suspiro, batendo forte contra o frio ao redor deles. Reprimindo o desejo de de repente quebrar em vulnerabilidade, Matthias enterrou o rosto na nuca dela, acariciando-o confortavelmente. O aroma fresco de rosas inundou suas narinas.
Ela ainda cheirava tão doce para ele.
É engraçado se ver implorando pelo coração da mulher que só tinha ódio dele, mas ele está inegavelmente feliz agora, com Leyla em seus braços.
A noite estava linda.
Ele olhou ao redor com um rosto atordoado, sem saber o que fazer antes de se decidir a puxar o corpo dela contra ele, passando um braço ao redor dela para prendê-la firmemente contra seu corpo.
Ela se contorceu em seus braços, mas apenas por um momento. E ele encontrou uma forma sádica de prazer em sua resistência irracional.
Ele riu, baixo e quieto na noite.
Mas havia um desejo oculto nele de chorar.
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Leyla abriu os olhos para o pôr do sol. Era uma cor sonhadora que fazia os dias irrealistas parecerem mais um sonho. Olhando para sua testa, toda encharcada de suor frio, ela se enrolou antes de suspirar contra o calor.
Sua mão foi esfregar seu estômago.
“Você está bem?” Ela perguntou, sorrindo com a sensação suave e palpitante que sentiu quando acariciou a barriga, como se respondesse à pergunta. Uma sensação de alívio tomou conta dela, junto com uma pequena dor em seus ossos que começou a se espalhar.
A febre baixa e os calafrios que começaram há alguns dias estavam piorando, ela logo notou. Ela suportou bem, mesmo quando foi deixada sozinha na casa destruída depois de perder o tio Bill…
Mas depois de seu encontro com o Duque, seu corpo e mente pareciam estar à beira do colapso. Ela odiava tanto a sensação, mas seu corpo se recusava a se curvar à sua vontade.
Cada dia estava ficando assustador e difícil de viver.
Ela sentiu que era isso.
Após o funeral do tio Bill, cada noite que chegava a fazia mergulhar cada vez mais fundo no conforto do sono para escapar das dores de sua vida. Quando a casa ficava silenciosa, ela sufocava. E quando o forte vento noturno continuou soprando pela janela quebrada, ela só podia tremer com medo de que outro ataque aéreo viesse…
Mas ela ainda tem um bebê. Ela tinha que protegê-los, então tentou aguentar firme, mas houve muitos momentos em que não deu certo.
Momentos que nem mesmo seu filho foi suficiente para trazê-la para cuidar de sua vida.
E Leyla odiou como ela realmente percebeu isso agora que ela estava para sempre ao lado de Matthias.
Ela foi arrastada de forma humilhante em cativeiro. Forçada a comer para sobreviver, apesar de seus desejos…
– e dormia mais confortavelmente nos braços de um homem cruel do que quando estava sozinha, o que às vezes surgia como uma ferida insuportavelmente dolorosa.
Acima de tudo, ela achava insuportável como o bebê havia aceitado bem o homem que a mantinha aprisionada.
O bebê logo começaria a se agitar aqui e ali quando ouvissem sua voz. Quando ele a tocou, ela também podia sentir o bebê chutar de alegria. Eles se moviam muito mais com Matthias com ela, do que com ela sozinha.
Eles não entendiam o quão cruel o homem era, eles apenas se contentavam em ter outro ser por perto além da mãe. Porque o bebê sempre teve apenas uma mãe.
Leyla ficou muito chateada e culpada por isso.
Ela só descobriu que estava grávida quando eles finalmente deixaram Arvis. Ela tentou por muito tempo e muito para fingir que não sabia que não estava crescendo um ser humano em sua barriga…
Mas, eventualmente, cresceu muito para ser negado.
Grande demais para ignorar.
Assim que ela aceitou a realidade, Leyla passou a encontrar consolo com a criança, surpreendentemente. Ela sabia o que significava ter um filho ilegítimo cujo pai nunca saberia de sua existência, como sua vida mudaria irrevogavelmente se ela o mantivesse!
E que decepção e tristeza ela traria para o tio Bill quando ele soubesse que ela ficaria com o filho de seu torturador.
Então ela ficou quieta, sem vontade de revelar sua existência.
Ela queria proteger o bebê, mas temia que parecesse um arrependimento persistente que ela trouxe para este lugar distante sem deixá-lo em Arvis. Certamente o tio Bill também pensaria assim.
Ela estava tão envergonhada.
Mas era mais incapacitante carregar o conhecimento de que ela nunca saberia o que tio Bill realmente pensava se ela estivesse grávida do duque. Se ela soubesse que continuaria sendo uma culpa tão grande, não deveria tê-la escondido do tio Bill.
Depois de perder o tio Bill durante a noite, o mais doloroso e esmagador sentimento de arrependimento se abateu sobre seu peito.
O bebê era solitário como ela então? Foi por isso que, mesmo quando seu pai era cruel e sem coração, o bebê gostava tanto dele?
“Eu não quero que você faça isso. Você só vai se machucar.”
Ela implorou para odiar seu pai.
— Leyla.
Ela não tinha percebido que tinha adormecido, antes de acordar confusa. Olhando para cima, ela viu Matthias. As luzes já estavam acesas, iluminando a sala antes escura.
Ela pensou que ele estava continuando o que estava dizendo, mas não conseguia ouvi-lo bem por causa da névoa em seus ouvidos. Havia apenas um frio cortante no ar…
Mas seu corpo ainda estava muito quente, ela logo se viu sem fôlego, embora estivesse deitada na cama todo esse tempo.
— Leyla. — A voz dele que continuava chamando o nome dela só ficou mais alta. O movimento da criança em sua barriga também cresceu em força. Eles chutavam cada vez mais forte cada vez que Matthias a chamava.
“E se o bebê pensou que seu nome era Leyla?” Ela pensou à toa antes de rir do pensamento.
Que erro engraçado seria se isso fosse verdade, Leyla pensou consigo mesma, antes que as risadas cessassem.
Logo, apenas uma respiração quente escapou de seus lábios, substituindo as risadas suaves que ela soltou.
Ele ainda estava chamando o nome dela, e a criança ainda se movia animadamente, mas só conseguia registrar as sensações confusas ao seu redor.
O calor, o frio, a agitação em seu estômago e a sensação reconfortante de Matthias dizendo seu nome…
Ela sentia falta do tio Bill, pensou tardiamente para si mesma, antes que sua visão logo escurecesse.
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Tradução: Eris
Revisão: Viih
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