Chore, Melhor Ainda Se implorar - Novel - Capítulo 140
✧ Isso é tudo ✧
✧ Capítulo 140 ✧
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Foi um dia depois, à tarde, que a unidade que enviaram para enviar uma mensagem ao seu príncipe finalmente voltou. Todos sentiram alívio ao retornar, mas logo se transformou em uma atmosfera sombria ao ver o estado de seus soldados. Ao relatar, os superiores foram informados sobre a emboscada que encontraram. Um deles foi ferido por um tiro e foi imediatamente levado às pressas para a enfermaria improvisada para receber tratamento.
Os outros, que tiveram ferimentos leves, foram tratados brevemente antes de retomarem imediatamente o caminho de volta para Sienna.
Assim que chegaram, só então foi revelado que o ferido não era outro senão Matthias von Herhardt. Ele renunciou a ser tratado quando priorizou informar o príncipe herdeiro primeiro dos desenvolvimentos recentes. Assim que Riette soube da notícia, dirigiu-se imediatamente à enfermaria, bem a tempo de ver Matthias terminar seu tratamento.
— Ouvi dizer que você se machucou. Você está bem? — Riette perguntou com grande preocupação, olhando preocupado para a figura de seu primo. Ele não parecia estar com dor, ou de alguma forma ferido.
Afinal, ele ouviu errado?
Sem se preocupar em reconhecer, ou mesmo responder a sua pergunta, Matthias apenas o contornou com uma expressão indiferente, carregando o cheiro inconfundível de desinfetante.
— Ei, me responda! Onde você se machucou? Como você se machucou? — Riette perguntou por ele, apressadamente igualando seus passos: — E o que aconteceu com a Srta. Lewellin?! Por que você a deixou ir tão de repente, hein? Responda-me! — Riette exigiu quando Matthias não deu nenhuma indicação de que ele estava ouvindo.
Ele permaneceu resolutamente em silêncio por alguns momentos, antes de responder sem entusiasmo às perguntas enviadas a ele antes de deixá-lo comendo poeira mais uma vez.
Nem mesmo uma única emoção foi mostrada no rosto de Matthias enquanto ele respondia às perguntas com indiferença.
Ele voltou para aquela personalidade perfeita de duque de Arvis dele, e Riette não gostou de como ele regrediu ao seu eu habitual.
— Afinal, a guerra o deixou surdo? — Riette perguntou incrédulo, ainda persistente em obter respostas. Respostas reais.
Ele tinha visto como Matthias era toda a sua vida. Conhecido por sua teimosia e obstinação durante toda a sua vida.
Não havia como ele deixar Leyla ir tão facilmente, e voltar para a concha que era antes. Não quando ele viu o quão louco Matthias agiu quando se tratava de Leyla. E agora ele a deixaria ir assim? De volta aos braços do filho do médico, nada menos?
Foi inacreditável. E é por isso que Riette não pôde deixar de se sentir tão perturbado com essa mudança abrupta. Era tão diferente de Matthias. O Matthias que todos sabiam ser.
Eles logo chegaram ao quarto 308, e Matthias parou na frente dele com os olhos escurecidos.
A primeira indicação que Riette teve de que seu primo era realmente afetado por essas coisas.
Ele não pode nem esconder seu descontentamento atual de Riette agora. O conflito estava em guerra visivelmente em sua expressão.
Sua raiva, sua aceitação.
Sua renúncia e suas expectativas.
Eles surgiram de um lado para o outro como se Matthias estivesse discutindo profundamente sobre como deveria lidar com essas coisas. Qualquer outra pessoa teria perdido essas minúsculas mudanças faciais. Mas Riette tem observado Matthias toda a sua vida.
Ele aprendeu a lê-lo naquele tempo também. A palavra estava na ponta da língua, mas…
“Idiota” Riette pensou em vez disso, não querendo dizer nada pior sobre seu primo, mesmo no abrigo de sua mente. Ele franziu os lábios em uma linha fina enquanto esperava para ver o que Matthias faria.
Sem perder mais um momento, Matthias estendeu a mão para agarrar a maçaneta da porta e torceu.
Assim que abriu, revelou uma sala bem iluminada, do sol brilhante do lado de fora das janelas da sala. Cada bagunça que ele tinha visto antes de partir, agora estava perfeitamente arrumada e consertada.
Não havia sequer um traço do toque de uma mulher deixado para trás.
Nenhum traço de Leyla foi deixado para ele.
Matthias permaneceu lá por algum tempo enquanto embrulhava e segurava a maçaneta da porta com os nós dos dedos esbranquiçados. Seus olhos vagaram por toda a sala em silêncio. No rosto de Matthias havia um sorriso leve, mas desesperado.
Ele fez isso. Ele finalmente conseguiu.
Ele a soltou e ela foi embora.
E levou seu propósito e coração com ela no processo.
E, no entanto, em vez da necessidade ardente de tê-la de volta, a obsessão de saber para onde ela foi e a loucura dela deixá-lo o dominando como antes…
Havia apenas uma calma aceitação tomando conta dele.
Afinal, Leyla estava perdida para sempre para ele.
Afinal, ela não seria dele para sempre.
E isso o fez se sentir tão vazio por dentro. No entanto, por enquanto, o vazio era suportável. Gerenciável.
Não adiantava negar. Tudo o que restava a fazer era se acostumar com o sentimento de vazio dentro dele com o tempo. Pois é assim que ele viverá o resto de sua vida sem ela ao seu lado.
Matthias, finalmente e silenciosamente, cruzou a soleira da sala. Riette obedientemente o seguiu.
— A coragem que você tem, fazendo uma coisa tão louca só para acabar assim. — Riette finalmente falou: — Você deixou Claudine para trás e a insultou na frente de muitas pessoas, apenas para vir aqui e atormentar a Srta. Lewellin. E você a deixou ir, simples assim?
Riette não pôde deixar de perguntar incrédulo. A raiva dentro dele fervilhava quanto mais ele pensava em todos os problemas que Matthias deixou em seu rastro para perseguir uma mulher, que ele iria deixar ir tão facilmente.
Era um insulto, pois era desprezível.
Matthias apenas começou a descarregar suas coisas e trocar suas roupas por outras mais confortáveis.
Riette queria continuar, deixar escapar os insultos e maldições que havia preparado para Matthias quando finalmente avistou a camisa ensanguentada por baixo do casaco grosso e escuro de seu exército em Matthias.
Um arrepio percorre sua espinha com a quantidade de sangue nele.
Ignorando seu súbito silêncio, Matthias tirou a camisa ensanguentada, para revelar seu torso enfaixado, que parecia exibir uma mancha vermelha cada vez maior, embora minuciosamente.
— Foi lá que você foi baleado.
— Mal roçou minha pele, — Matthias respondeu secamente antes de se deitar na cama e finalmente olhar para Riette, que começou a se aproximar dele, xingando baixinho pela falta de autocuidado de Matthias.
— A julgar pela sua aparência, você deveria ser hospitalizado.
— Este é o campo de batalha.
— Exatamente. É um campo de batalha. Levar um tiro pode te matar!
Riette sabia que a hospitalização ou o transporte para as unidades de retaguarda, onde era mais seguro, era quase impossível estando tão fundo em uma zona de guerra, especialmente com esse tipo de ferimento durante a guerra. Mas ele não conseguia controlar sua preocupação com seu primo.
E, no entanto, Matthias permaneceu para encará-lo despreocupado com seu ferimento ainda sangrando, encostado na almofada de cabeça.
— Você está louco, — Riette murmurou baixinho, ao que Matthias reconheceu com uma risada melancólica. Naquele momento, um grande cansaço tomou conta do rosto de Matthias, quebrou o contato visual com ele e apenas olhou para o espaço à sua frente.
— Eu quero descansar, Riette. — Ele respondeu.
A primeira resposta real que ele deu a Riette desde seu retorno. Piscando os olhos lentamente, ele podia ouvir fracamente seu primo resmungando mais sobre sua loucura, mas Matthias não conseguia encontrar em si mesmo para contestar a afirmação.
Sua mulher acabou de deixá-lo, presumivelmente para ser cuidada por outra pessoa que não era ele, e nunca seria ele. E ele está preso aqui no meio da guerra, fingindo que estava bem com tudo isso.
Na verdade, só um homem louco sobreviveria a isso.
Riette observou Matthias continuar sorrindo para si mesmo antes de seu primo lentamente passar o braço sobre os olhos para impedir que o sol batesse em seus olhos.
Ele observou como a respiração de Matthias se igualava a uma respiração lenta e rítmica, antes de Riette finalmente decidir deixá-lo sozinho.
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— Está quente.
Foi o que ela disse na última noite que passaram juntos.
Leyla, que acordou depois de se virar e se virar, sussurrou para ele com os olhos bem abertos. Claro, Matthias pensou que ela o via como Bill Remmer ou Kyle Etman, e olhou para ela com uma expressão desdenhosa.
— Está quente. É frustrante. — Ela continuou reclamando antes de puxar o cobertor para baixo, agindo como uma criança irritada prestes a ter um ataque de raiva.
Matthias se moveu para detê-la antes de ir ao banheiro e trazer uma toalha embebida em água fria. Ultimamente, ele ficou bom em enxugar apenas a borda de sua testa suavemente para que sua temperatura corporal não caísse muito.
— Eu quero sair! — Leyla choramingou novamente para ele, assim que ele largou a toalha molhada. Olhando-a secamente, ele rapidamente notou que ela ainda estava meio adormecida o tempo todo.
Matthias sentou em uma cadeira ao lado da cama e a cobriu com o cobertor que Leyla havia removido em seu ataque.
— Isso é frustrante! Eu quero tomar um pouco de ar fresco!
— Agora não. — Matthias sussurrou severamente, mesmo enquanto acalmava e afastava o cabelo de Leyla de cobrir sua testa. O rosto pálido de Leyla estava claro como a luz do amanhecer quando ela perguntou
— Ainda está frio e escuro lá fora, Leyla.
— Mas eu ainda quero ir! Eu vou fazer o que eu quiser! — Ela bufou antes de piscar os olhos turvos enquanto olhava diretamente nos olhos dele, — Eu vivo para te atormentar, afinal. Preciso. — Ela resmungou, meio delirante.
O peito de Matthias apertou.
— Leyla-
— Eu te odeio tanto… — ela parou, — Então eu vou torturá-lo tanto quanto eu puder.
Suas ameaças teriam soado mais convincentes se não fosse pelo fato óbvio de que ela estava voltando a dormir. Ela estava bêbada de sono e o insultava ativamente, mas ele não pôde deixar de sorrir de qualquer maneira agora que ela o estava vendo.
Ele poderia viver com ela assim, todos os dias. Ele aceitaria seu ódio se não pudesse ter seu amor.
— Então me torture. — Ele implorou, mesmo enquanto sussurrava as palavras sedutoramente para ela. Os olhos de Leyla ficaram vazios com a resposta dele. Piscando rápido enquanto ela lutava para ficar acordada para manter seu tormento sobre ele.
— Torture-me, tanto quanto você quiser.
— Sério? — ela perguntou, com os olhos arregalados, mas ainda à beira do sono.
— Sério.
Ela cantarolava, os olhos fechados como se estivesse imersa em pensamentos.
Suas próximas palavras estavam começando a soar pastosas.
— Claro, você tem que fazer. — Seus olhos já estavam semicerrados. Ela começou a murmurar algumas palavras incoerentes depois disso, mas logo voltou a uma noite de sono profundo.
Matthias, que estava olhando para a figura sem parar, estendeu a mão para segurar a mão de Leyla antes de se virar para a janela e observar enquanto a manhã amanhecia e o sol quente brilhava. A janela se abriu um pouco, e deixou a brisa do mar que soprava envolvê-lo em uma sensação agradavelmente fresca e suave.
Com as mãos de Leyla apertadas com força, ele se sentou profundamente contra a cadeira próxima, aproveitando o sol e o vento, e antes que seus olhos se fechassem lentamente.
A linda mulher que o olhava há pouco tempo como se o mimasse com carinho, estava prestes a desaparecer no momento em que acordou. A realidade virá novamente e destruirá sua fantasia.
Seus olhos continuariam olhando para ele com grande desdém e rejeição.
Ela nunca mudaria o que sentia por ele.
E então ele plantou seu último beijo na testa em sua cabeça sonolenta. Apenas por este momento, ele pensaria nisso como uma continuação de seus adoráveis momentos juntos, mesmo quando ela revelou que seu amor por ele naquela época era apenas uma mentira.
Deixe-o ter esse momento com ela.
Esta seria sua última, afinal.
Para que o momento íntimo e doce fique como a última lembrança do tempo que passamos juntos. Matthias se contentou em trazer essa memória para o túmulo.
Isso foi o suficiente.
Tinha que ser.
Não foi até o longo pôr do sol da noite iminente que Matthias baixou o braço cobrindo o rosto. Seu olhar para o céu rosado era tão imóvel quanto a serena paisagem noturna.
Ele estava sozinho.
Ele a soltou e ela foi embora. E ele foi deixado para trás.
Isso foi tudo.
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Quem entregou a caixa de presente para Leyla foi o soldado que organizou e trouxe a bagagem de casa.
— Parece um item importante.
Quando Leyla olhou para ele com curiosidade, ele hesitou em explicar.
— Estava na caixa. A caixa na cozinha, ao lado da caixa de supermercado.
— Ah… — Os olhos de Leyla se arregalaram em compreensão. Eram os pertences do tio Bill!
Ela o ignorou a princípio, incapaz de ver os últimos vestígios do homem que considerava seu pai. E então Matthias aconteceu, e ela se esqueceu completamente!
Leyla aceitou apressadamente depois de agradecê-lo. Depois que o soldado que carregava a bagagem para o quarto saiu, Leyla se viu sozinha novamente.
Ela estava sentada em uma cadeira perto da janela com uma caixa amarrada com uma linda fita na mão. Sua residência era uma casinha de madeira na beira da estrada perto da praia. A maior parte da mobília permaneceu intacta, como se a família do proprietário tivesse se apressado para evacuar.
Ela sentiu vergonha de morar em uma casa tão bonita, então Leyla decidiu usar o quarto de hóspedes. Ela queria apenas ficar quieta por um tempo aqui, e não deixar vestígios de que moraria na casa quando se mudasse novamente.
Porque ela resolveu que iria embora.
Ela precisava ir embora.
Várias vezes ela murmurou as palavras para si mesma, para lembrá-la de não ficar e esperar por mais. Simplesmente não era realista.
Mas por que toda distância que ela colocava entre ela e ele a deixava com a sensação de que estava sendo sufocada por uma coleira em seu pescoço?
Matthias teria retornado a Sienna um dia depois do esperado. Isso foi tudo que Kyle disse, e Leyla não ousou mais perguntar.
Ela precisava se lembrar de que tudo estava acabado agora.
Ela não podia acreditar, mas era. Kyle estava certo. Só porque ele acabou não se casando com Claudine não tornava válido tudo o que ele fazia com ela. Isso ela podia ver que ele estava certo.
Mas seus dias ainda eram gastos com sua obsessão pelo duque, mesmo enquanto observava a paisagem pacífica além da janela. Foi-se a intensa tristeza, dor e ódio em seu coração quando a realidade dele a libertando finalmente se estabeleceu nela.
O que ficou para trás foi apenas a sensação de vazio de que ela estava sozinha.
Novamente.
Foi só à noite, quando a auxiliar de enfermagem deveria passar por aqui, que Leyla se pegou olhando para a estrada deserta em transe. Ela viu a caixa com as coisas do tio Bill.
E então um impulso tomou conta dela!
De repente, ela se viu desembrulhando a fita da caixa e colocando-a sobre o joelho. Assim que ela levantou a tampa…
Suas mãos começaram a tremer ao ver seu conteúdo.
Iniciando…
Era um lindo par de sapatinhos de bebê.
“Ele sabia…” foi seu primeiro pensamento, antes que gargalhadas e lágrimas brotassem dela enquanto ela olhava para o último presente do tio Bill para ela.
Para eles.
“Tenho uma coisa para te contar, então vamos fazer uma festa.”
Não fez nenhum clique nela, até este exato momento o que seu tio quis dizer ao dizer aquelas palavras enquanto ele continuava acariciando sua cabeça. Ele deve ter tentado dar as boas-vindas à criança, com um presente tão bonito.
Ele deve ter querido dizer a ela que ela não tinha que esconder nada dele.
Pois, assim como ele amava uma menina órfã que um dia apareceu de repente no vagão do correio, ele também estava disposto a amar o filho dela.
“Tio…” lágrimas continuavam saindo dela, mesmo enquanto ela chorava e ria ao mesmo tempo.
Alguns instantes depois, já calma, Leyla levantou-se depois de esfregar os olhos molhados. Os sapatinhos brancos de bebê foram colocados de volta em uma caixa e guardados no fundo da mala de viagem.
“Vou viver bem.” Leyla prometeu a alma de seu tio.
Ela estava sozinha por enquanto, mas não para sempre. Ela ainda tinha um propósito.
E agora todo sentimento vazio que preenchia seu coração logo foi substituído por uma aceitação avassaladora e tristeza ao mesmo tempo. Ela não imaginava que chegaria tão longe sem ele, mas fez uma promessa ao tio Bill.
Ela pode fazer qualquer coisa se ele acreditar nela. Ela cresceria para se tornar uma adulta decente e faria tudo bem. Ele fez questão de permitir que ela fosse uma. Assegurou-se de que ela soubesse, mesmo quando ele morreu, que ele acreditava em sua habilidade e capacidade.
Ainda acredita nela, mesmo.
Então era a vez dela agora acreditar em si mesma. Ela teve que recompensá-lo porque ele acreditou nela.
— Vamos embora, bebê. — Leyla disse resolutamente para a criança que ainda estava para nascer. Tio Bill não gostaria de ver sua filha sentada desamparada assim.
O duque cumprirá sua promessa. Ela sabia disso.
Ele era exatamente esse tipo de homem. Ele era cruel e mesquinho, mas cumpria suas promessas, por mais distorcidas que fossem.
Leyla ainda o odiava. Ela achava que nunca iria perdoá-lo pelas coisas que ele a obrigava a fazer. Mas, estranhamente, ela confiava nele sem falhar.
Assim como seus sentimentos por Leyla não eram normais, os sentimentos de Leyla por ele também não eram.
Ela o odiava, mas também desejava ficar com ele.
Eles eram assim. Eles sempre foram assim. E isso não era normal. Não era saudável.
Ela observou o pôr do sol começar pela janela e, finalmente, Leyla aprendeu a impedir que as cortinas caíssem antes mesmo de sua história terminar.
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Matthias parou na estrada onde a residência de Leyla podia ser vista.
Ele se viu sempre parando. Verificando-a quando podia. Ele vagava por essa estrada várias vezes ao dia, mas nunca cruzou a linha que traçou.
Matthias sabia que não seria fácil deixá-la ir.
Ele queria vê-la, mas a necessidade desesperada nele permaneceu teimosamente. Ele sabia que não deveria. Mas, como um viciado tentando ficar limpo, ele precisava tirá-la de seu sistema, pouco a pouco.
E então ele não vai acabar procurando por ela quando ela estiver realmente inacessível para ele.
Ainda era difícil para ele se virar e deixá-la em paz, não quando ele sabia que ela estava ao seu alcance. Ele estava apresentável como sempre e fazia questão de se limpar bem sempre que parava várias vezes ao dia, mas…
Ele sabia que nada mudaria além disso.
Ele estaria preso sempre observando-a de longe. E ele teria que viver com isso. Ele ficaria bem, eventualmente.
Contanto que ela vivesse bem e ele pudesse vê-la, mesmo à distância de vez em quando, ele ficaria bem.
Portanto, ele teve que suportar bem esse tipo de vida.
Ele sabia que, às vezes, Leyla seria informada de algumas novidades sobre o Duque de Arvis. Afinal, a notícia não evitou nenhuma menção a ele, e mesmo que ele estivesse quebrado por dentro com a partida dela, ele não queria parecer afetado por isso. Afinal, ele tinha uma reputação e uma imagem a manter.
Mas isso não o impediu de pensar nela todos os dias.
Ela foi seu primeiro amor.
E ela também seria seu último amor.
Claro, Matthias pretendia sobreviver à vida de uma concha vazia. Enquanto Leyla estiver viva em algum lugar do mundo, ele sobreviveria sem ela.
Mas ele não achava que haveria um dia nesta vida em que amaria e ansiaria por alguém novamente.
Alguém que não era Leyla.
Ninguém mais era tão bonito e desejável quanto ela.
Se Leyla não existisse, ele nunca saberia como é a verdadeira beleza. Mesmo se ela tivesse partido, ninguém jamais se compararia a ela. Todos eles ficariam aquém, sem falta.
Então ele viveria como uma concha, uma farsa de humano, enquanto ele respirasse.
Então Matthias se virou novamente, esperando que essa ferida nunca sarasse dela. A ponta de seu casaco balançou atrás dele enquanto ele caminhava lentamente, o frio do vento fazendo-o vibrar ao seu redor enquanto ele se afastava.
Mesmo sabendo que voltaria aqui novamente e sairia sem vê-la uma vez, ele visitava este lugar todos os dias em perfeita forma, não querendo parecer menos do que o melhor para ela.
Apenas no caso de ele encontrar Leyla por acaso.
Se ele tinha que ser odiado de qualquer maneira, ele queria pelo menos ser um homem maravilhoso fisicamente para ela. Mesmo que não tivesse sentido para Leyla, Matthias esperava que pelo menos valesse para alguma coisa.
Rindo sem graça para si mesmo sobre o orgulho teimoso que tinha sobre sua imagem, Matthias se viu voltando para a praça da cidade.
O ar ao redor do Exército Berg havia mudado. Ele não sabia o que havia causado aquilo, mas apenas sabia que algo havia mudado desde que ele fora visitar uma Leyla alheia.
Havia uma sensação de urgência e ansiedade no ar, mesmo quando os soldados não estavam tentando se preparar ativamente para qualquer confronto com os soldados inimigos.
— Peço ermissão para falar, major — um soldado chamou por ele, correndo apressadamente para o seu lado e saudando-o ao vê-lo.
Matthias franziu a testa, sentindo que o problema já estava aqui. Uma sensação apoiada pela mensagem que acabou de ser transmitida a ele.
— O exército de Ettar juntou-se à operação de desembarque de Sienna. Uma reunião de emergência foi convocada e todos os comandantes receberam ordem de comparecer!
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Tradução: Eris
Revisão: Viih
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