Chore, Melhor Ainda Se implorar - Novel - Capítulo 155
✧ Capítulo 157 ✧
✧História paralela 5✧
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Leyla finalmente teve o fim de semana que tanto temia. Foi um fim de semana que veio com a promessa de derrubar suas esperanças contra o chão e ressuscitar seus medos que ela enterrou em seu coração vivo.
No entanto, Elysee von Herhardt foi o primeiro raio de esperança, brilhando como uma estrela distante.
Elysee queria apresentar sua nova família para seus parentes na festa do chá que ela estava participando com Felix. Leyla costumava sentir-se ansiosa por ir a um evento social com a sogra, mas desta vez foi diferente. Ela se interessou por tais reuniões, e Elysee encorajou sua nora a participar. Leyla foi questionada, mas antes que ela pudesse responder à pergunta de Elysee, Matthias teve uma resposta, protegendo-a como uma armadura.
— Minha querida esposa e eu havíamos feito acordos prévios para este dia. — Ele disse em uma voz suave e autoritária.
Elysee von Herhardt deu de ombros: — Então não há mais nada a ser feito —, acrescentando: — Mas Felix deve vir comigo, todos estão ansiosos para vê-lo. — Matthias atendeu ao pedido dela e disse: — Claro, mãe, você pode fazer o que quiser —. Nesse plano finalizado, as esperanças de Leyla se dissiparam como nuvens de fumaça no ar.
Embora sentisse pena de Matthias não ter uma folga adequada, Leyla secretamente esperava que a agenda do duque continuasse tão agitada como sempre, ainda melhor se ele voltasse em uma noite particularmente escura.
A exigente carreira de Matthias reacendeu um vislumbre de esperança dentro dela. Enquanto deveria estar de férias, ele continuou trabalhando, falando com executivos ao telefone e viajando para Carlsbar para reuniões. Leyla não pôde deixar de se perguntar quantos outros visitantes o duque de Arvis receberia.
À medida que a tarde se resignava como um convidado de curta duração e Matthias não voltava para casa para o chá, a esperança de Leyla só aumentava. Ela não podia deixar de esperar que ele não voltasse. No entanto, suas fantasias evaporaram, pois uma palavra do mordomo trouxe a notícia sobre o marido.
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— Matthias, você voltou cedo — disse Norma, pousando a xícara de chá e sorrindo calorosamente para o neto.
Depois de cumprimentar a avó, Matthias virou ligeiramente a cabeça para olhar para Leyla, que estava sentada à sua frente. — Você mencionou que teve uma reunião com Leyla hoje, — Norma o lembrou, inconsciente das emoções de Leyla. — Você está saindo com alguém?
— Não, decidi ensiná-la a nadar no anexo. —respondeu Matthias.
— O que? A Duquesa vai nadar no rio? — Norma se assustou e perguntou, carrancuda com a ideia.
O coração de Leyla começou a bater como uma centena de tambores com imensa excitação com a perspectiva. — Oh, Matthias, meu Deus. Isso é maravilhoso. — disse Norma.
Leyla descobriu pela primeira vez que as palavras têm o poder de trazer alegria à vida de uma pessoa, mesmo que por uma fração de segundo. Ela pensou que a idosa se oporia veementemente, mas para sua surpresa, ela era bondosa.
— Ah, isso mesmo. Desde o nosso tempo, o mundo mudou. A Duquesa deveria aprender a nadar porque é um hobby da moda. — sugeriu a idosa.
Leyla apertou a saia com mais força, lutando contra a vontade de gritar: — Com licença, vovó? — no entanto, ela resistiu a travar uma guerra contra seu impulso.
A idosa sorriu suavemente como se consolasse seus netos ansiosos e disse: — Eu não entendo, mas não vou forçar isso em você. Divirta-se, Leyla.
Matthias se aproximou assim que a última esperança de Leyla desapareceu. Ele calmamente estendeu a mão, dando a impressão de um predador à espreita com sua presa.
Leyla suspirou baixinho enquanto segurava sua mão com relutância. Foi uma época em que Matthias von Herhardt, conhecido por sempre manter sua palavra, demonstrou alguma animosidade.
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— Não é hora de você estar preparada? — Matthias verificou a hora e questionou Leyla, que balançou os ombros e se aproximou da grade da varanda.
— Você poderia me dar um momento para pensar sobre isso? — Leyla perguntou, sua voz quase inaudível devido ao seu comportamento tenso, ainda esperando que Matthias pudesse mudar de ideia.
Matthias recostou-se na cadeira e cruzou os braços, demonstrando paciência com a esposa. Por quase uma hora, Leyla encarou o rio como se fosse um inimigo que a perseguia, em seus sonhos e em seu despertar. No caminho para a casa isolada, ela havia sido ousada e corajosa, mas agora parecia apavorada, sua bravura se esvaindo, desaparecendo dos buracos trincados de seu coração.
Leyla respirou fundo — A propósito, — e se virou. — Não há uma razão pela qual as pessoas devam ser boas em natação?
Ela se perguntou, ansiosa, o que seu marido diria.
Leyla continuou falando com uma cara bastante séria. — Só tem que tomar cuidado para não cair na água, né?
— Mas você não sabe se situações inesperadas acontecem? — Matthias perguntou, sua voz cheia de preocupação.
Os olhos de Leyla semicerraram-se enquanto ela lutava para apresentar um contra-argumento. — Essa circunstância imprevista foi provocada por você! — Os comentários raivosos se espalharam com mais força como um vulcão. Matthias lançou um olhar para Leyla que não transmitia negação ou constrangimento, seu rosto sem emoções, frio como a Antártica.
— Você não ia esquecer, certo?
Matthias respondeu, levantando-se cautelosamente de sua cadeira: — Não, eu me lembro. Quero te ensinar a nadar exatamente por causa desse evento. — Ele se apoiou na amurada e fedia a menta d’água, que crescia na beira do rio. — Mas Leyla, eu não posso obrigar você a fazer isso se você genuinamente não quiser. — Ele deu a ela um olhar respeitoso como um sinal de que respeitaria qualquer escolha que ela escolhesse.
Quando ele alegou que respeitaria sua decisão, Leyla sabia que ele realmente quis dizer isso.
Era evidente na maneira como ele a olhava, profundamente seus olhos verde-esmeralda, profundos como o oceano.
Leyla largou o corrimão e se levantou, dizendo: — Não sei. Não é que eu não goste.
Isso era certo para ela. Ela tinha a opção de recusar inúmeras vezes se realmente desejasse, mas não queria. Ela queria aprender a desafiar seus medos.
— E eu tenho pavor da água. Certamente, você contribuiu muito para o meu medo disso, mas isso não significa que você é o único culpado. — Leyla parou de olhar para o rio, como se tentasse bloquear a lembrança de ter causado sua ansiedade.
De volta no tempo, seus primos disseram a ela, suas palavras inocentes, mas terríveis o suficiente para causar dor: — Se você quer viver aqui, você tem que passar por um rito de iniciação — As palavras continuavam soando em seus ouvidos como uma doença.
— Se você não quer fazer isso, saia daqui.
Ela sofreu bullying. O menino mais velho e maior ria como um demônio arrastando-a enquanto agarrava seu cabelo trançado.
Leyla foi capturada pelas crianças como uma hiena capturada por um leão para ser devorada, tornando seus planos de fugir um fracasso completo. Ela foi ferida, seu corpo coberto de sangue e coberto de lama por rolar e cair enquanto a desviava para a beira cruel do rio.
Cada minuto ali era uma tortura.
Ela foi alvo de xingamentos e espancamentos repentinos de seu tio, e da terrível intimidação de todas as crianças da família. Ela também lutou com o tormento da fome que eles infligiam, o que a obrigava a invadir a horta em busca de vegetais como um criminoso sendo punido.
Apesar de todo o tormento pelo qual passou, Leyla não conseguia dizer — eu não quero — ou — Não tenho para onde ir no mundo, pare de me machucar!
A estrada que teve que voltar para casa chorando mesmo depois de ser jogada no rio alojou-se em seu coração como um sinal do medo desesperado e da angústia do dia. A memória ficou com ela para sempre, vivendo e respirando, não a deixando em paz com o passado. Ela não queria que Matthias aprendesse mais, por isso aceitou o desafio de natação.
Logo no início, Leyla reconheceu sua situação. Compaixão e simpatia dos outros também eram apropriadas. Mas, embora ele fosse aclamado como o aristocrata mais aristocrático desse império, ela nunca quis parecer impura na presença dele.
Mesmo sabendo que não poderia, ela ainda esperava por isso.
Desde o momento em que ele pisou na moeda derramada, pegou-a e saiu correndo freneticamente, até o presente. Talvez para sempre e no futuro.
— Leyla.
Ela pensou profundamente sobre a pessoa que Matthias chamou.
Parecia estranho, pois, embora tivesse o mesmo nome, Matthias soava como uma pessoa totalmente diferente. É a voz baixa e suave, ou é o tom que soava como um poema que rimava.
— Tudo ficará bem no final? — Leyla apertou seu punho ao invés de agarrar o corrimão mais uma vez. — Não tenho certeza se conseguiria flutuar na água.
— O bom cientista é melhor do que qualquer outra pessoa em entender que as pessoas que flutuam na água não estão operando no domínio relacionado à confiança. — Embora fosse uma pergunta séria, ele respondeu com sarcasmo.
Leyla não conseguia encontrar palavras apropriadas para falar, ela parecia perplexa. Ela escolheu olhar para o céu distante, desejando desaparecer na bainha da colcha azul do céu. Ela sentiu como se seu corpo estivesse flutuando no vasto oceano. O silêncio ficou quase ensurdecedor que ela gritou, a atmosfera sacudindo o ambiente de sua tranquilidade.
— Vou pensar mais um pouco!
Ela lutou o máximo que pôde, mas Matthias, que a segurava com força em seus braços, não fez nenhum movimento. Ele permaneceu determinado como um guerreiro que jurou vencer uma guerra apesar de todas as probabilidades.
Ele desceu as escadas da sacada até o hangar dos barcos, que ficava próximo ao rio. O medo de água de Leyla explodiu em seu corpo como uma bomba atômica. Ela congelou por um segundo antes de se acalmar ao perceber a água correndo, visando devorá-la.
Matthias deu um beijo rápido em suas bochechas pálidas antes de fazer uma longa saída do hangar.
Quando chegaram ao fim do cais, parou a sombra de um homem e uma mulher em seus braços que se moviam sobre um painel de madeira aquecido pelo sol.
Uma tarde de junho. A água brilhava como diamantes, absorvendo a luz do sol.
Ela se sentiu terrivelmente estúpida, mas, na verdade, era mais um fato do que uma suposição.
Leyla, que estava empoleirada no final do cais, lançou um olhar visivelmente abatido para o outro lado do rio. Matthias parecia brilhar como uma parte da superfície cintilante enquanto flutuava na água. Ele parecia uma estátua esculpida por um deus, requintado além da medida.
Leyla desistiu de reunir sua bravura e Matthias aceitou de bom grado. Ele começou a nadar alegremente sozinho. — Você pode se virar. — Tais comentários insensíveis foram tudo o que ele deixou para Leyla.
Apesar da opção de voltar, ela continua onde está, uma tola miserável. Mas, após uma reflexão mais aprofundada, parece que o homem em questão também é um tanto estranho.
Os olhos de Leyla se estreitaram enquanto ela considerava isso. Por que ele faria uma promessa de trazê-la aqui, apenas para deixá-la em um estado tão vulnerável? Ela imaginou
Matthias, enquanto isso, estava alto no rio, de costas para o céu, parecendo deslumbrante e de espírito livre. Leyla, determinada, tirou os sapatos com um movimento feroz e depois tirou as meias.
Ela começou a se sentir tonta e trêmula quando se aproximou do rio, seu pior pesadelo. Leyla ansiava por recapturar a bravura imprudente que havia demonstrado quando mergulhou na água para recuperar o chapéu, mas tudo o que pôde fazer foi sentar no final do píer com os pés parcialmente submersos.
— Por que você ainda está aqui? — Matthias, agora parado no cais, perguntou brincando. Seu corpo molhado e parcialmente exposto brilhava à luz do sol de verão, e as marcas de seus ferimentos só serviam para realçar sua beleza de cair o queixo.
— Você parece bastante contente… — Leyla observou.
— Como você pode ver —, respondeu Matthias, apoiando a cabeça em um braço e olhando para ela com adoração.
— Por que você voltou? Você está tentando me provocar? — ela perguntou.
— Se é isso que você deseja —, disse Matthias com um sorriso provocador.
Leyla se levantou furiosa, apesar do fato de entender que não era uma piada de mau gosto. Ela, não Matthias, era quem ficaria irritada e desapontada.
Por que ela não reunirá a última gota de bravura?
Por três minutos, Leyla apertou os lábios. Ela se desprezava por ser assombrada por suas terríveis lembranças dos velhos tempos.
Leyla teve que passar por coisas piores e mais desagradáveis do que isso. Ela veio de um longo caminho de tempos conturbados. Leyla devia estar acompanhada de seu amado marido.
Leyla se virou novamente, bloqueando sua fuga do rio. Ela marchou decididamente até o final do cais, desta vez, como um soldado preparado para cortar a garganta do inimigo. Matthias a observou atentamente.
Leyla começou tirando os óculos, aliviada por tirar a pressão dos olhos. Então, ela começou a se despir, começando pela combinação, depois a saia e a blusa. Apesar de se sentir envergonhada, ela conseguiu manter a compostura, possivelmente graças à sua visão prejudicada. Leyla hesitou por um momento antes de finalmente tirar o sutiã e a calcinha, enfiando-os sob uma pilha de roupas.
Na luz radiante, seu corpo nu foi iluminado, mais brilhante que o sol, como uma deusa que pisou na terra. Os dois ficaram em silêncio, não tentados a quebrá-lo, mas seus olhos se fixaram um no outro na claridade falando alto com palavras e fala.
— Estou pronta, — Leyla declarou com orgulho, sentando-se no final da doca e mergulhando as pernas na água mais uma vez para saborear as feridas não cicatrizadas. — Para ser honesta, não acho que funcionaria. Mas farei o meu melhor.
Leyla queria chorar, queria finalmente se livrar das velhas feridas, mas se conteve, lutando contra as lágrimas.
Matthias gentilmente estendeu a mão para ela enquanto olhava calmamente. Leyla segurou a mão dele com toda a força, a mão que baixou o pilar de madeira, secretamente implorando para segurá-la para sempre.
— Você não vai me deixar ir, vai?
Em resposta à pergunta sincera, Matthias assentiu alegremente. — Nunca.
Leyla confiou em suas garantias.
Ela pulou na água, deixando sua última hesitação para trás, derrotando sua fobia, deixando suas memórias fluírem ao longo do rio. Ela rasgou a paz e a calma do rio com os sons selvagens de respingos, borrifos descuidados e gritos ensurdecedores.
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Tradução: Eris
Revisão: Nana