Chore, Melhor Ainda Se implorar - Novel - Capítulo 168
✧ Capítulo 168 ✧
✧ História paralela 16 ✧
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O carro que levava o duque para fora da cidade em direção a Arvis estava cheio de um silêncio ensurdecedor. Embora parecesse que o duque estava lidando com sua agenda lotada com facilidade, ele estava cochilando silenciosamente, enterrado nos lençóis, como se carregasse o peso da exaustão nos ombros. Mark Evers, que estava cumprindo o cronograma exigente, também ficou extraordinariamente quieto, sua tagarelice habitual substituída por uma pausa contemplativa.
O aroma fresco dos pinheiros começou a encher o ar enquanto o carro avançava lentamente pela estrada isolada que levava ao feudo. O farfalhar das folhas, sinalizando o início de Arvis, também pode ser ouvido. Mark Evers, perdido na tranquila beleza da paisagem, de repente endireitou-se em seu assento. Quase ao mesmo tempo, o motorista avistou uma mulher atravessando a rua. Leyla von Herhardt, a duquesa, com o filho nos braços.
Mark Evers se virou para acordar seu mestre adormecido, mas rapidamente percebeu ser desnecessário. O duque já tinha aberto os olhos, o olhar fixo na janela, onde viu sua esposa. Seu rosto estava adornado com um leve sorriso, uma visão que Mark Evers sabia ser reservada apenas para a Duquesa.
Sem hesitar, Mark Evers gesticulou para o motorista parar o carro e o duque saiu.
— Obrigado pelo seu trabalho árduo —, disse Matthias, antes de ajustar o paletó e a gravata, certificando-se de que tudo estava em seu lugar. Seus movimentos suaves, desde abotoar o paletó até ajustar as abotoaduras, eram fáceis como água corrente.
— Vejo você na mansão —, disse Matthias suavemente enquanto se virava para sair. No momento em que Leyla o avistou, ela acenou com a mão e Felix, em seus braços, a imitou.
Matthias colocou as mãos despreocupadamente nas costas e começou a caminhar em direção a sua esposa e filho. O automóvel continuou a se afastar em silêncio. Os passos de Leyla aceleraram quando o carro desapareceu de vista. Ela andava com a graça de uma pluma mesmo carregando Félix, que a cada dia ficava mais pesado.
Matthias parou em seu caminho. Por um momento, seus olhos azuis captaram uma bela imagem dela descendo o caminho, passando pelas sombras bruxuleantes das adoráveis árvores.
“…e lá vem ela.”
Ela se aproximava dele como o som de uma onda verde sem fim, o vento brincando com seus cabelos.
O som de risadas e alegria encheu o ar monótono enquanto ela parava de andar. Matthias, pego de surpresa por sua parada repentina, observou enquanto ela conversava e ria com seu filho antes de colocá-lo lentamente no chão.
— Papai! — O grito de Félix sacudiu a tarde adormecida. A criança se livrou de suas mãos e correu para seu pai com os braços abertos.
Sua gola larga de marinheiro batia como asas enquanto ele gingava. Matthias pegou o menino com um sorriso, maravilhado com o quão forte e seguro ele havia se tornado, percorrendo uma boa distância sem tropeçar.
— Olá, Papai. — Felix sorriu e acenou para ele, então abraçou alegremente a perna de seu pai.
— Olá — Matthias sorriu, dando uma olhada em seu filho, e o pegou. — Félix.
Leyla juntou-se ao abraço com o rosto radiante de felicidade. Matthias estendeu a mão e pegou a mão dela. Juntos, os três começaram a caminhar de mãos dadas ao longo da trilha Platanus, aproveitando o sol do final do verão e a companhia um do outro. Como um raio de sol atravessando as árvores, a voz de Leyla brilhava de alegria ao relembrar os acontecimentos da semana anterior e a botânica que aprendera hoje.
— Estou tão feliz que você voltou mais cedo —, disse ela, com os olhos brilhando de felicidade quando olhou para Matthias.
Matthias virou a cabeça e olhou para sua esposa de pé ao lado dele. Seu olhar encontrou o dele com uma intensidade ardente enquanto esperava ansiosamente sua resposta.
— Eu estive esperando por muito tempo, — ela exclamou, sua voz cheia de saudade.
— Você usará isso como um meio de desejo? — Matthias brincou, mas Leyla não se intimidou.
— Sim —, ela respondeu com confiança. — Isso não é tudo, mas é verdade.
Orelhas todas vermelhas e mãos agitadas, um pouco de timidez que não podia ser escondida nem mesmo com o riso de uma criança, era realmente bastante cativante. A emoção borbulhando dentro dela era palpável, e Matthias não pôde deixar de se sentir envolvido por ela.
Com uma gargalhada ousada, ela agarrou a mão de Matthias e o puxou pela estrada Platanus, trocando piadas bobas e risadas enquanto caminhavam lado a lado, transformando a outrora pacífica estrada em um burburinho.
Ao se aproximarem dos grandes e coloridos portões de Arvis, Leyla fez uma pausa, sua expressão ficando séria. — Senti sua falta —, ela confessou, com os olhos brilhando de emoção. — Continuo pensando em você, e quanto mais penso em você, mais sinto sua falta. Então, estou esperando há muito tempo.
Ela se sentiu um pouco vazia após perceber que era muito mais simples do que ela esperava expressar o que pensava.
— E você? — Leyla perguntou, embora já soubesse a resposta, — Sentiu minha falta? — Como um bebê exigente, tudo o que ela queria era ouvir a resposta dele.
Matthias não precisava dizer nada, suas ações falavam mais alto que palavras quando ele puxou Leyla para um beijo carinhoso. Leyla aceitou sua resposta. Ela adorava a doçura e a intimidade de seu beijo, a maneira como seus lábios se roçavam e suas respirações se misturavam. Nem mesmo em seus sonhos mais loucos ela pensou que conseguiria compartilhar este momento com este homem.
— Papai, papai. — O choro inesperado e comovente de Felix quebrou o silêncio. A criança começou a choramingar quando seus lábios estavam prestes a se tocar novamente,
— Papai… Pai… — Ele estava se contorcendo nos braços de Matthias, querendo seu próprio beijo de seu pai. — Eu também! — com um beicinho no rosto, ele olhou para o pai e depois o beijou na bochecha.
— Bom para você, Matthy, porque seu filho te ama muito. — Leyla olhou para os dois homens com um calor no coração.
“—Vá e mostre a ele o quanto você ama.” Felix era definitivamente um garoto muito inteligente, dado o quão bem ele entendia o significado dessa palavra.
Rindo e cheio de amor, Matthias obedeceu, dando um beijo na bochecha de seu filho. Felix começou a rir e tagarelar animado, como se estivesse feliz com o amor que recebia.
— Nosso próximo filho vai te amar como Felix, — Leyla declarou, seus olhos fixos em Matthias. — Tenho certeza que é. Posso ter certeza.
Juntos, os três atravessaram os portões de Arvis, com o coração cheio de amor, esperança e entusiasmo pelo futuro.
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A família do duque deixou Arvis quando os ventos frios do outono começaram a soprar, sinalizando o fim do verão.
Félix, que estava recentemente com a família, cresceu muito e surpreendeu os funcionários da mansão Ratz. Leyla, enquanto isso, estava trabalhando duro para se preparar para o próximo semestre escolar e aprendeu a nadar. Ela estava orgulhosa de seu progresso acadêmico, mas estava ainda mais emocionada por poder flutuar na água sem medo.
— Quero aprender nado costas no próximo verão. — Uma noite, sentada no cais olhando o pôr do sol, ela expressou seu desejo. A resposta de Matthias foi apenas um sorriso, e isso feriu um pouco seu orgulho.
— Quero poder nadar como você.
— Certo. _ Ele disse, macio como a pena de um pássaro aquático. — Vamos fazê-lo. Vou te ensinar.
Com apenas essa palavra, Leyla sentiu como se estivesse vivendo um verão feliz novamente.
A questão é quando é a hora certa de contar a ele?
Leyla lançou um olhar duvidoso para Matthias do outro lado da mesa. Ela chamou a atenção dele, que acabara de pousar o copo d’água. Mathias foi iluminado por um raio seco de sol que atravessou as novas cortinas e franziu as sobrancelhas como se tivesse algo a dizer.
— Você está ocupado hoje? — Leyla perguntou, olhando para o rosto familiar de Matthias que havia mudado um pouco, mas ainda mantinha suas características familiares. Ela gentilmente pegou seu guardanapo.
— Talvez,
— Então seria difícil jantarmos juntos? — perguntou Leyla.
— Bem… — Matthias parou por um momento, perdido em pensamentos. Ele então ligou para um servidor e esperou que eles viessem. Leyla segurou o guardanapo com força enquanto esperava que a conversa terminasse.
— Leyla, você se importa se a refeição atrasar um pouco? — Matthias perguntou ao garçom.
— Quão tarde?
— Talvez por volta das 9 —, disse Matthias.
— Tudo bem, vou esperar, — Leyla prontamente concordou. Ela considerou se seria melhor falar agora, mas decidiu que seria melhor esperar e ter certeza.
Após terminar sua refeição, Matthias saiu rapidamente para o trabalho, deixando Leyla para trás. Em vez de cuidar do jardim ou ler, como costumava fazer, Leyla deitou-se no longo sofá da sala de estar e fechou os olhos por um momento. Mas quando ela acordou, era hora de ir para a escola.
— Você está bem, minha senhora? — A babá perguntou ansiosa, ao entrar no quarto com Felix. — Você está se sentindo mal?
— Não, eu não estou doente, — Leyla respondeu, dando um abraço desajeitado em Felix.
— Mas esses dias você tem se sentido cansada e sonolenta, e… — Os olhos da babá se arregalaram de preocupação. — Não me diga…
— Posso ver o Dr. Feller esta noite? — Leyla perguntou timidamente, dando tapinhas na cabeça de Felix.
— Claro, minha senhora! Devemos ligar para ele agora? — Os olhos da babá estavam fixos nas bochechas coradas de Leyla. Leyla, perdida em pensamentos por um momento, balançou a cabeça.
—Vou vê-lo à noite, depois da aula —, disse Leyla.
— Escola? Oh, minha senhora, você está indo para a escola? — A babá exclamou, surpresa.
Mas Leyla simplesmente assentiu com calma, seu sorriso gentil escondendo um brilho determinado em seus olhos. A babá, que sabia que Leyla era uma duquesa teimosa, sabia que não havia como mudar de ideia.
— Você não vai andar de bicicleta, vai? — A babá perguntou, notando a bicicleta prateada de Leyla encostada no canteiro de flores da mansão. Leyla riu e balançou a cabeça.
— Não vou andar de bicicleta.
— Então, se apresse e pegue o carro…
— Não, eu vou a pé até lá. Vai ser uma boa caminhada — disse Leyla, enquanto pegava sua bolsa de couro, um velho presente de aniversário de seu tio Bill, e a pendurava no ombro.
As babás e empregadas ficaram em choque e incrédulas enquanto tentavam em vão mudar a opinião de Leyla, mas sem sucesso. Leyla finalmente conseguiu ir para a escola somente após tranquilizar as meninas que a seguiram até a entrada da mansão.
— Oh! Eu mesmo contarei ao duque após ver o Sr. Feller! — Leyla exclamou, virando-se rapidamente. Os rostos perplexos das empregadas logo se transformaram em sorrisos, refletindo o de Leyla.
— Sim, minha senhora! — Eles cantaram em uníssono, se aquecendo ao sol de outono. — Não se preocupe. Proponho mantermos isso em segredo!
A determinação e a confiança da Duquesa os deixaram maravilhados, eles concordaram em manter seu segredo, segredo.
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Maid Scan
Tradução: Eris
Revisão:Nana